Hell's Paradise: Jigokuraku mergulha profundamente em sua trama principal quando introduz o sistema de poder da série, o Tao. À medida que os personagens se deparam com a misteriosa força ao enfrentarem os poderosos Tensens, o conceito do Tao permanece enigmático para a maioria dos sobreviventes do Vanguard Party.
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Yamada Asaemon Sagiri, a deuteragonista da história, é reconhecida como uma ameaça até mesmo por Gabimaru, que é considerado o humano mais forte. Ela é inegavelmente poderosa, mas o que torna a compreensão de sua habilidade ilusória para Gabimaru e seus colegas Yamada Asaemon é sua inconsistência e hesitação em batalha. Apesar de ter demonstrado grande habilidade durante sua atuação em Shinsenkyō, Sagiri luta internamente com a culpa por tirar vidas, e essa hesitação é o que a torna um gênio do Tao, mesmo antes do conceito ser formalmente introduzido.
Como carrasco e testadora de espadas do Clã Yamada, o treinamento de Sagiri em esgrima foi rigoroso, buscando alcançar a perfeição característica do Clã. O título "Kubikiri Asa", que significa "Decapitador Asa", foi conquistado graças à habilidade única dos Asaemons de decapitar seus alvos com um único golpe certeiro. Durante sua infância, Sagiri se espelhou em seu pai, o chefe anterior do clã, que era conhecido por sua execução perfeita e a capacidade de manter suas emoções afastadas para proporcionar uma morte pacífica aos criminosos. Enquanto ele executava um rakugoka que desejava contar uma história antes de morrer, o criminoso nem percebeu sua própria morte até que a história chegou ao fim.
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No entanto, ao contrário de seu pai, Sagiri luta para amenizar seus sentimentos de culpa e hesita ao empunhar sua lâmina em combate. Ela é confrontada com visões de pesadelo e luta para enfrentar seus inimigos com convicção. Seus companheiros Asaemon, Eizen e Genji, acreditavam que sua hesitação era resultado de uma visão sexista de mulheres como emocionais e inadequadas para a batalha, mas essa crença foi desafiada quando chegaram a Shinsenkyō. Quando Genji estava prestes a morrer, ele entregou sua lâmina a Sagiri como um pedido de desculpas por subestimá-la devido ao seu gênero, reconhecendo sua capacidade como samurai e notando o contraste entre a força que ela havia demonstrado ao rejeitar a sugestão de partir e sua fraqueza ao chorar por ele.
A chegada de Gabimaru atua como um catalisador para o crescimento de Sagiri, pois ele também luta com sua própria violência interior. Eles se tornam como almas gêmeas que se refletem mutuamente, e é a empatia de Sagiri que a capacita a compreender a si mesma e aos outros. Durante sua luta, Gabimaru se repreende por não conseguir matá-la, mas ela lhe revela que a habilidade de manter emoções apesar de suas ações brutais é uma demonstração de força. Essa compreensão da contradição dentro dela é o que a leva ao "Caminho do Meio", um conceito significativo nas religiões dhármicas que leva à iluminação. Sua luta contra o Gigante de Bizen, Rokurōta, mostra sua confiança recém-descoberta, e sua mente, em momentos de extrema concentração, é comparada às ondas do mar.
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Yamada Asaemon Shion, um samurai cego, explica sua habilidade de navegar com maestria ao perceber as "ondas" ao seu redor. Essa noção de fluidez e força é compartilhada por Lao Tzu no Tao Te Ching, e Mei também tenta explicar a Gabimaru e seus aliados que o Tao existe em extremos contrastantes. Sagiri, que compreendeu esse paradoxo interior antes mesmo de conhecer o Tao formalmente, é, portanto, uma personagem de potencial imenso: uma verdadeira gênio do Tao.
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